Romeiros

Eles são jovens, ou menos jovens. De agasalho têm um xaile, um lenço sobra a cabeça. Por demais, um plástico para minorar as gotas de suor, ou uns pingos de chuva. Por vezes diluviana. Ou não. Una sapatos leves, um bordão. Bordão esse que os ajudará a subir montes e descer vales. Por vezes descansando, rezando, meditando. Nas costas um saco que já foi “pesado”. Hoje, e por via da evolução, mais suave. Mas significativo.

Faça chuva, sol, frio, vento, lá vão eles, semblante sério, poucas vezes olhando em redor, mas com uma firmeza: a fé!  Uma fé única e que não se explica. Sente-se e vive-se. Durante aquela semana são irmãos. De si e dos outros synthroid 50 mcg. Até daqueles que em viagem não seguem, fisicamente, mas que os fazem transportar em espírito. Depois, momentos têm de reflexão, das suas dificuldades quotidianas, familiares, sociais e profissionais. Ouvem-se uns aos outros, entreolham-se e “abafam” com fé algumas e todas as dificuldades que o seu irmão vive, ou viveu. E rezam. Em voz única, e ao calor de cantares, únicos e sentidos, elevam a fé. E continuam. O que lá se passa, durante a semana, não se sabe. A união, o sofrimento, em conjunto, o querer é tal que só eles o sabem viver, e da forma como o vivem. E, durante o ano normal, pós quaresma, quando se encontram, chamam-se de irmãos. Algo os uniu. E de ano em ano, repetem.

Há tempos a esta parte, as romarias estiveram “moribundas”? Talvez, mas nunca perderam o seu sentido. Rejuvenesceram-se e muito. E se hoje em dia os ranchos têm oferta de pequeno-almoço e almoço, porque o jantar está garantido como antigamente, se calhar é porque muitos “romeiros”, anónimos ou não, abrem a alma, o coração, para partilhar com eles a fé, em redor de uma mesa de apóstolos em que todos são discípulos do mesmo querer. Estão na rua, e são os romeiros de São Miguel!

Jorge Machado/ In Diário da Lagoa