Esta semana as Romarias Quaresmais de São Miguel estiveram em destaque na Praça de São Pedro, em Roma.
Receberam a bênção concedida pelo Papa Francisco a todos os Romeiros e seus familiares, a quem agradeceu as orações, pedindo ao Espirito Santo que continue “a aplanar” as estradas da fé, destes homens que durante a Quaresma, cumprem a sua caminhada.
Os Romeiros de São Miguel são, porventura, um dos marcos de maior expressão da religiosidade popular nos Açores.
E, a piedade popular é a primeira forma de «inculturação» da fé, que deve deixar-se orientar e guiar, continuamente, pelas indicações da liturgia, mas que, por sua vez, a fecunda a partir do coração, entrando na vida quotidiana.
Num tempo cinzento como o nosso, em que o mundo parece estar nas mãos da incompetência intelectual, da ganância económica e da iliteracia ética, em que o imediatismo e a indiferença reinam, desprovidos de quaisquer valores, só este Papa poderia valorizar esta prática, reconhecê-la e abençoa-la.
O mesmo Papa que, quando iniciou o pontificado, não hesitou em escolher o nome de um santo de proximidade, de pobreza e de amor, para responder perante os homens.
Como se não bastasse, Francisco que veio “do fim do mundo”, publicou uma exortação apostólica “A Alegria do Evangelho” que, entre outras coisas, constitui uma contundente recusa da miséria moral em que habita a nossa sociedade desgastada pela “idolatria do dinheiro” e pelo desprezo da condição humana.
Francisco revela ser um homem de gestos simples. Fala-nos com o sentido do coração. Talvez por isso, as suas palavras são sempre mais ouvidas.
Nas aparições diárias toca a sensibilidade, a mente e o coração das pessoas, com testemunhos, que o estilo familiar reforça, sem que daí resultem alinhamentos ideológicos fáceis.
E, é isso é que irrita os seus oponentes:a sua espantosa liberdade, com a qual tece palavras, que valem como inspiração de criatividade na Igreja e na sociedade.
Não são doses de doutrina sobre a fé da Igreja, nem receitas repetidas sobre a moral católica. Também não são um novo estilo só para dar ares de modernidade. São , mesmo, uma nova cultura.
Este Papa não é escravo do passado, não cega com a última moda, nem adia tudo para o futuro. Pratica o discernimento permanente, acrescentando-lhe um caracter profético, ciente de que sem profecia cai-se no clericalismo e na lei. É assim no Evangelho, quando os sacerdotes se assumiram como donos do templo esquecendo-se que Jesus era maior que o templo.
O profeta é o homem de olhar penetrante que escuta a palavra de Deus.
Francisco olha-nos nos olhos com a ternura e a complacência de quem nos entende, mesmo sem nos conhecer. Pode não ser um Teólogo mas é um cristão completo à frente do Vaticano. De doutrina e de ação. E isso faz toda a diferença.
Carmo Rodeia