SEJAMOS ROMEIROS… FIQUEMOS EM CASA!

Que Quaresma estranha e, no entanto, tão própria! (Sessenta por cento ,33 Ranchos) cerca de 1500 Romeiros de São Miguel, por cidadania e dever cívico a bem da saúde pública, estão a fazer a sua romaria em casa. Sem Romarias, mas com romeiros. Sem caminhadas, mas com acolhimentos vários a que a distância não impede. Aprender, nos passos do tempo, a acompanhar as agruras de tantos irmãos que sofrem. Sentindo-as como nossas, não estão sozinhos no longo percurso da incerteza ansiosa e periclitante. A romaria não se manisfestou nas ruas, mas está a ser feita, desde casa, ao encontro do nosso único e grande Mestre, Jesus. Na insondável caridade que a oração produz. Nunca deixou de refluir em mim as palavras de D. António de Sousa Braga, a 11 de novembro de 2013: “Sejam autênticos e ativos”. A Liturgia do IV Domingo da Quaresma (primeiro da nossa romaria caseira) apela à bondade, justiça e verdade. Naturalmente, para conseguirmos vivenciar esta trilogia é necessária muita oração, porque, para podermos ser justos, verdadeiros e bons, temos de receber docilmente o que a oração nos capacita por Graça. Só com muita oração, amor ao irmão, concentração no que é importante, na promoção de atividades que elevem, na formação e ação dos nossos valores humanos e cristãos podemos concretizar os apelos que os bispos da Igreja nos fazem. Caso contrário, podemos enveredar por um certo farisaísmo: cumpridores de preceitos, mas sem doação interior e efetiva. A Caridade não é uma opção entre outras: é o que nos faz romeiros e cristãos. Envolvidos socialmente, atenuando as diversas carências dos nossos irmãos, saberemos que a nossa oração é verdadeira, justa e boa. Que as nossas Romarias Quaresmais sejam o retiro e a avaliação da nossa vida ao longo das outras cinquenta e uma semanas. Que “recarreguem as nossas baterias” para prosseguir sempre com espírito solidário, por que orante. Saibamos ser responsáveis a tão grandes dons. Que o Senhor nos abençoe e nos proteja a todos.

João Carlos Leite

Movimento de Romeiros de São Miguel

JORNAL A CRENÇA –  3 DE ABRIL DE 2020

CARTA AOS ROMEIROS

Pelo Padre Davide Barcelos*

Diretor Espiritual do Movimento de Romeiros de São Miguel

Estimado Irmão Romeiro,

Vivemos na atualidade momentos de ansiedade, medo e desconfiança em relação ao presente e ao futuro. As notícias que todos os dias nos chegam através dos mais variados meios de comunicação social apresentam um cenário de tristeza e de morte.

Este ano, as nossas romarias foram canceladas mediante as normas do Estado de Emergência e para a segurança de todos. Não foi uma decisão fácil de tomar pelo Grupo Coordenador, mas foi a melhor decisão face ao momento presente. Seria da nossa parte, como Romeiros, uma irresponsabilidade sairmos sabendo o perigo que a todos espreita, não só para nós, mas para quem se cruzasse connosco pelo caminho e para com as famílias que nos iriam acolher do frio da noite.

Os tempos que se aproximam serão tempos muito difíceis, sobretudo ao nível profissional e económico. Começamos a ouvir, que muitos estão a ir para o desemprego e que as empresas estão a fechar as portas e atividade, trazendo ainda mais insegurança para a nossa vida pessoal e familiar. Contudo, penso que Deus está a oferecer-nos um tempo de graça. Um tempo de reflexão profunda, um verdadeiro retiro espiritual, onde podemos analisar a nossa vida: como vivíamos antes; como vivemos agora e como queremos viver no futuro? Deus está a ensinar-nos que podemos ser felizes com pouco, rodeados daqueles que mais amamos e que afinal temos tempo para a família e para tudo. Deus está a alertar-nos que a vida é muito bonita e que devemos vivê-la intensamente, aproveitando cada segundo, tendo sempre presente que Deus é o nosso companheiro nesta grande romaria, que é a nossa vida. Deus está a ensinar-nos a tirar tempo para Ele, através da nossa oração pessoal, na Eucaristia Dominical, em comunidade, em família e com os amigos. Por isso, vejo este momento, como um momento de enorme gratidão, onde aquilo que tenho para oferecer aos outros não é a minha inteligência, as minhas capacidades, o meu poder, a minha influência ou os meus contactos, mas a minha própria fragilidade humana, através da qual o amor de Deus se pode manifestar.

Servir, estimado Irmão Romeiro, é entrar, com a nossa fragilidade humana, em comunhão com os outros e levar-lhes uma palavra de Esperança. Servir pode parecer uma ideia pia, mas na verdade requer o reconhecimento humilde de que a nossa vida não é uma posse a proteger dos outros, mas uma dádiva a ser partilhada. Tudo o que temos foi-nos dado. Compete-nos, então, estarmos gratos e exprimirmos essa gratidão. Um grupo cristão, como os Romeiros, é um grupo autêntico quando alimenta atitudes de gratidão, aceitação dos dons e partilha de graças. Um grupo cristão autêntico alimenta o espírito de gratidão e de serviço na vida espiritual.

Tudo isto, leva-nos a prestar atenção ao estado do nosso coração, onde se: • Pede uma disposição perseverante para nos renovarmos com o Espírito Santo; • Exige a coragem para examinarmos minuciosamente os nossos impulsos e abrirmos o coração a novos modos de ser; • Ensina a ser recetores em vez de usurpadores; • Ajuda a ver o sofrimento e a dor do mundo não como interrupções perturbadoras, mas como convites a mudar o coração. Vivemos uma ocasião propícia para aprendermos a escutar tudo o que se passa, acreditando que a mão de Deus nos guia.

Neste sentido, convido o Irmão Romeiro a seguir durante a semana o Manual de Oração que foi elaborado pelo grupo Coordenador para a vivência da Romaria. A rezar a reza pedida, e neste caso pela saúde de todos no mundo e um terço pelas intenções da Igreja que embora de portas fechadas, canta, louva e reza ao seu Senhor, pedindo que tudo isto passe rapidamente.

Estimado Amigo e Irmão Romeiro, deixo-vos esta mensagem de um livro magnífico de Enrique Rojas, “A vida não se improvisa. Como construir um projeto de felicidade numa era em que tudo parece descartável”, das edições Matéria-Prima: «A verdadeira felicidade conquista-se com sabedoria. Não é algo que aconteça, de repente, apenas a alguns de nós. A verdadeira realização pessoal tem de ser planeada e implica encontrar um sentido de vida que nos preencha, muito além do bem-estar momentâneo. Possuir um projeto de vida coerente e realista é a melhor porta de entrada para a felicidade, que a longo prazo não é mais do que uma vida conseguida. Não podemos ficar pela casca da fruta. Temos de cruzar a fronteira da superfície e penetrar nas nossas profundezas». Eis o tempo favorável, eis o tempo da graça para a grande mudança na nossa vida em busca da verdadeira felicidade, que é nos oferecida por Jesus Cristo, nosso Salvador! Que Maria Santíssima nos ajude a viver bem este tempo de silêncio e oração. Santa Quaresma!

igrejaacores.com

Meditações e Leituras para a Romaria Quaresmal 2016

Neste Ano Jubilar, o Grupo Coordenador propõe  14 meditações  e 7 Esquemas para a Liturgia da Palavra, para a Romaria Quaresmal. Assim sendo, estão disponíveis em anexo as Meditações (Obras de Misericórdia) e os Esquemas para a Liturgia da Palavra das Eucaristias Feriais  (1ªLeitura, Salmo, Evangelho, Oração Universal).

 

JUBILEU DA MISERICÓRDIA

O QUE É UM JUBILEU OU ANO JUBILAR?

 

  • Origem Bíblica

Encontramos a sua origem no capítulo 25 do Livro do Levítico (anexo 1). Neste texto vemos que ao fim de cada 6 anos os Hebreus viviam um ano sabático (de descanso). Após cada 7 ciclos de 7 anos (o que é igual a 49 anos) era proclamado, a cada 50 anos, ao som da trombeta, um Jubileu ou Ano Jubilar, um ano de perdão em que todo o povo hebreu tinha de deixar descansar a terra, perdoar as dívidas e libertar os escravos.

 

  • Origem Etimológica

Jubileu tem a sua origem em hebraico na palavrayovel, isto é, o instrumento (um chifre de animal) que servia de trombeta para anunciar o ano festivo ou no verbotrazer de volta,” pois durante este ano as propriedades eram devolvidas aos seus donos e aos escravos era devolvida a liberdade. Jubileu provém também da palavra latinaiubilum” que significa “grito de alegria“.

 

  • Significado Actual

Hoje tem sobretudo um sentido espiritual. É um tempo forte, de perdão, um ano santo durante o qual o Papa concede graças espirituais especiais e indulgências (anexo 2). Pode ainda significar um ano especial de carácter local ou particular, num momento ou aniversário solene como o quinquagésimo aniversário de função, atividade, instituição, etc.

 

  • Quem convoca? Como?

O Papa. É publicada uma Bula de convocação, isto é, uma carta do Papa com as orientações e objetivos para o Jubileu.

 

  • Qual a sua periodicidade?

Um Jubileu acontece ordinariamente a cada 25 anos, período atualmente estabelecido, ou de modo extraordinário, sempre que o Papa pretenda celebrar algum acontecimento ou data de forma especial.

 

O primeiro Jubileu foi convocado pelo Papa Bonifácio VIII em 1300 e ficou instituído a sua celebração a cada 100 anos, mas em 1350 anos passa para um ter um intervalo de 50 anos. No Jubileu de 1475, o Papa Sisto IV reduz o período para 25 anos e foi também que se popularizou denominar-se de Ano Santo.

O Jubileu da Misericórdia será o 29º Ano Santo da História da Igreja. O último foi proclamado no ano 2000, por João Paulo II. Em 1975, logo a seguir ao Concilio Vaticano II, muitos questionavam se um ano jubilar ainda fazia sentido, uma vez que trazia um forte marca negativa da Igreja medieval, mas Paulo VI reformulou a ideia de Jubileu a partir da fundamentação que conferiu e este ano santo: a alegria, a renovação interior e a reconciliação.

 

  • Porquê se inicia um Jubileu com a abertura da Porta Santa?

Encontramos o seu fundamento na afirmação de Jesus. “Eu sou a porta. Quem entra por Mim será salvo. Entrará e sairá e encontrará pastagem” (Jo 10, 9).

O Papa Martinho V abriu pela primeira vez a Porta Santa da Basílica do Latrão como marco inicial do Jubileu de 1423. Somente em 1499 o costume foi estendido à Porta Santa da Basílica de São Pedro, por desejo de Alexandre VI.  O rito de abertura conheceu algumas alterações no Jubileu de 1950, com Paulo VI e no ano 2000, por João Paulo II simplificou-o.

JUBILEU DA MISERICORDIA

 

  • Anuncio

No dia 13 de Março de 2015, 2º Aniversário da Eleição Papa Francisco na Basílica de São Pedro:  “Decidi convocar um Jubileu Extraordinário que tenha o seu centro na Misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia. Queremos vivê-lo à luz da palavra do Senhor: «Sede misericordiosos como o Pai» (cf. Lc 6, 36)”

 

  • Convocatória

No dia 11 de Abril de 2015, na celebração das Primeiras Vésperas do II Domingo de Páscoa ou Domingo da Divina Misericórdia na Basílica de São Pedro: “Presente no coração de muitos está esta pergunta: Por que motivo um Jubileu da Misericórdia, hoje? Simplesmente porque a Igreja é chamada a (…) permanecermos vigilantes e despertarmos em nós a capacidade de fixar o essencial. É o tempo para a Igreja reencontrar o sentido da missão que o Senhor lhe confiou no dia de Páscoa: ser sinal e instrumento da misericórdia do Pai (cf. Jo 20, 21-23).

  • Quando será o Jubileu da Misericórdia?

“A Porta da Misericórdia abrir-se-á no dia 8 de Dezembro de 2015, solenidade da Imaculada Conceição e terminará na solenidade litúrgica de Jesus Cristo, Rei do Universo, 20 de Novembro de 2016

 

  • Porquê nestas datas?

“A solenidade da Imaculada Conceição por dois motivos: indica o modo de agir de Deus desde os primórdios da nossa história. Depois do pecado de Adão e Eva, Deus não quis deixar a humanidade sozinha e à mercê do mal. Por isso, pensou e quis Maria santa e imaculada no amor” e porque se assinala “o cinquentenário da conclusão do Concílio Ecuménico Vaticano II. A Igreja sente a necessidade de manter vivo aquele acontecimento.”

“Na solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, ao fechar a Porta Santa, animar-nos-ão, antes de tudo, sentimentos de gratidão e agradecimento à Santíssima Trindade por nos ter concedido este tempo extraordinário de graça (…) Confiaremos a vida da Igreja, a humanidade inteira, o universo imenso à Realeza de Cristo.

  • Onde se celebra o Jubileu?

“O Jubileu será celebrado, quer em Roma quer nas Igrejas particulares, como sinal visível da comunhão da Igreja inteira.

 

  • Qual o lema escolhido para este Ano Jubilar?

“ Queremos viver este Ano Jubilar à luz desta palavra do Senhor: Misericordiosos como o Pai (Lc 6, 36). É um programa de vida tão empenhativo como rico de alegria e paz. O imperativo de Jesus é dirigido a quantos ouvem a sua voz (cf. Lc 6, 27). Portanto, para ser capazes de misericórdia, devemos primeiro pôr-nos à escuta da Palavra de Deus. Isso significa recuperar o valor do silêncio, para meditar a Palavra que nos é dirigida. Deste modo, é possível contemplar a misericórdia de Deus e assumi-la como próprio estilo de vida.

 

  • Como celebrar o Ano Santo?

Alguns dos meios apresentados pelo Papa: “Abrir o coração àqueles que vivem nas mais variadas periferias existencial; É meu vivo desejo que o povo cristão reflicta, sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual; A Quaresma seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus; A peregrinação é um sinal peculiar no Ano Santo, enquanto ícone do caminho que cada pessoa realiza na sua existência; é minha intenção enviar os Missionários da Misericórdia; O Jubileu inclui também o referimento à indulgência (anexo 3) (…) pedindo ao Pai o perdão dos pecados e a indulgência misericordiosa em toda a sua extensão; onde a Igreja estiver presente, aí deve ser evidente a misericórdia do Pai. Nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos – em suma, onde houver cristãos –, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia.

 

  • ANEXO 1

 

LEVÍTICO 25

 

Ano Sabático (Ex 23,10-11; Dt 15,1-11) – 1O SENHOR falou a Moisés, no monte Sinai, nestes termos: 2«Fala aos filhos de Israel, e diz-lhes: ‘Quando entrardes na terra que vos dou, a terra gozará de um descanso, em honra do SENHOR. 3Semearás o teu campo durante seis anos, durante seis anos podarás as tuas vinhas e recolherás os seus frutos.

4Mas, no sétimo ano, será concedido à terra um descanso, um sábado, em honra do SENHOR: não semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha. 5Não colherás o que nascer espontaneamente dos grãos caídos durante a ceifa, nem vindimarás as uvas da tua vinha que não foi podada. Será um ano sabático para a terra6O que a terra produzir durante o seu descanso, servir-vos-á de alimento, a ti, ao teu escravo, à tua serva, ao teu jornaleiro e ao inquilino que vive contigo. 7Também o teu gado, assim como os animais selvagens da tua terra, poderão alimentar-se com todos esses frutos.’»

Ano jubilar – 8«Contarás sete semanas de anos, isto é, sete vezes sete anos; de forma que a duração de estas sete semanas de anos corresponderá a quarenta e nove anos9Depois, farás ressoar fortemente a trombeta, no décimo dia do sétimo mês. No dia do grande Perdão, fareis ressoar o som da trombeta através de toda a vossa terra. 10Santificareis o quinquagésimo ano, proclamando na vossa terra a liberdade de todos os que a habitam. Este ano será para vós um Jubileu; cada um de vós voltará à sua propriedade, e à sua família.

11O quinquagésimo ano é o ano do Jubileu: não semeareis, não colhereis do que cresce espontaneamente, nem vindimareis as vinhas que não foram podadas. 12Porque é o Jubileu, deve ser uma coisa santa para vós e comereis o produto dos campos. 13Neste Jubileu, cada um de vós recobrará a sua propriedade. 14Quando fizeres uma venda ao teu próximo, ou se comprares alguma coisa, não vos prejudiqueis um ao outro. 15Farás essa compra ao próximo, tendo em conta os anos decorridos depois do Jubileu, e ele fará essa venda tendo em conta os anos das colheitas. 16Conforme os anos forem mais ou menos numerosos, assim tu pagarás mais ou menos pelo que adquirires, porque é um número de colheitas que ele te vende. 17Não vos prejudiqueis uns aos outros. Teme o teu Deus, porque Eu sou o SENHOR, vosso Deus.»

Promessas para o Ano Sabático 18«Cumpri as minhas leis, guardai os meus preceitos; ponde-os em prática para habitardes em segurança na terra. 19A terra dará os seus frutos, com os quais vos sustentareis abundantemente, e nela residireis em segurança. 20Se disserdes: ‘Que comeremos no sétimo ano, pois não podemos semear nem colher as nossas colheitas?’21Então, Eu vos concederei a minha bênção no sexto ano, de tal forma que produzirá a colheita de três anos; 22e quando semeardes no oitavo ano, comereis da colheita anterior até ao nono ano. Até que se proceda à sua colheita, vivereis da anterior.»

Resgate da propriedade e dos escravos – 23«Nenhuma terra será vendida definitivamente porque a terra pertence-me, e vós sois apenas estrangeiros e meus hóspedes. 24Portanto, concedereis o direito de resgate a todas as terras que forem da vossa propriedade. 25Se o teu irmão cair na pobreza e vender uma parte da sua propriedade, a que tem direito de resgate, o seu parente mais próximo deve ir resgatar o que o seu irmão vendeu.

26Se um homem não tiver ninguém que resgate a sua propriedade e conseguir encontrar meios suficientes para o seu resgate, 27calculará os anos da sua venda, pagará o restante ao homem que lhe comprou e, deste modo, recobrará a sua propriedade. 28Se não tiver recursos suficientes para o resgate, o objecto vendido continuará na posse do comprador até ao Jubileu; no Jubileu, ficará livre e voltará à sua propriedade.

29Se um homem vender uma casa de habitação, situada numa cidade murada, o direito de resgate durará até ao fim do ano da venda; o seu direito ao resgate durará um ano inteiro. 30Se a casa, situada numa cidade murada, não for resgatada no prazo de um ano inteiro, pertencerá definitivamente ao comprador e aos seus descendentes; no Jubileu não ficará livre. 31Mas as casas das aldeias, não rodeadas de muros, serão consideradas como os campos do país; poderão ser resgatadas e ficarão livres no Jubileu. 32Quanto às cidades dos levitas, e às casas situadas nas cidades que lhes pertencem, os levitas terão sempre o direito de as resgatar. 33Se um levita não resgata a sua casa vendida numa cidade da sua propriedade, a casa ficará livre no Jubileu, porque as casas situadas nas cidades dos levitas são a sua propriedade entre os filhos de Israel. 34Uma terra situada nos arrabaldes das suas cidades não pode ser vendida; porque essa é uma propriedade que lhes pertence para sempre.»

Empréstimo sem juros – 35«Se um dos teus irmãos empobrecer e não satisfizer as suas obrigações para contigo, protegê-lo-ás, mesmo que seja um estrangeiro ou um inquilino, e deixa-o viver contigo. 36Não receberás dele juros nem lucro algum, mas teme o teu Deus para que o teu irmão viva contigo. 37Não lhe emprestes o teu dinheiro com juros, nem lhe dês os teus mantimentos para disso tirar proveito.

38Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos fez sair da terra do Egipto, para vos dar a de Canaã, a fim de ser o vosso Deus.»

Lei da escravatura (Ex 21,2-11; Dt 15,12-18) – 39«Se o teu irmão empobrecer, junto de ti, e se se vender a ti, não exigirás dele um trabalho de escravo40Estará contigo como um jornaleiro, como um inquilino; servirá em tua casa até ao ano do Jubileu. 41Então, sairá da tua casa, assim como os seus filhos; voltará para a sua família e recobrará os bens dos seus pais.42Porque são meus servos, que fiz sair da terra do Egipto, não devem ser vendidos como se vende um escravo. 43Não o domines com dureza para temeres o teu Deus.

44O escravo ou a escrava que pretendais adquirir devem sair dos povos estrangeiros que vos rodeiam; poder-lhes-eis comprar escravos e escravas. 45Podê-los-eis, também, comprar entre os filhos dos estrangeiros que residam no meio de vós, entre as suas famílias que vivem convosco e entre os filhos que lhes nascerem no vosso país, e serão propriedade vossa. 46Podeis deixá-los em herança aos vossos filhos, a fim de que os possuam depois de vós, tratando-os perpetuamente como escravos; quanto aos vossos irmãos, os filhos de Israel, que ninguém domine o seu irmão com dureza. 47Se o estrangeiro que vive junto de ti adquirir riquezas, e o teu irmão, seu vizinho, empobrecido, se vender a esse estrangeiro que vive junto de ti ou ao descendente de uma família estrangeira, 48terá direito a resgate, depois de se ter vendido: um dos seus irmãos resgatá-lo-á. 49Será ainda resgatado pelo seu tio, pelo filho do seu tio, ou por qualquer outro dos seus parentes e da sua família; mas, se adquirir meios, resgatar-se-á a si mesmo. 50Neste caso, calculará, com aquele que o comprou, o intervalo entre o ano em que se vendeu e o ano do Jubileu, e o preço da sua venda será contado pelo número de anos, segundo o ordenado de um jornaleiro. 51Se faltarem ainda muitos anos, pagará pelo seu resgate uma parte proporcional do preço de aquisição. 52E se ficarem poucos anos até ao ano do Jubileu, tê-lo-á em conta; pagará o seu resgate em proporção ao número de anos. 53Estará na casa do comprador como jornaleiro ao ano, e tu não permitirás que ele o domine com dureza na tua presença. 54E, se não foi resgatado de nenhuma dessas maneiras, ficará livre no ano do Jubileu, tanto ele como os seus filhos.

55Porque os filhos de Israel só a mim pertencem como escravos: são os meus servos, que Eu fiz sair da terra do Egipto, Eu, o SENHOR vosso Deus.»

capuchinhos.org

  • ANEXO 2

PENITENCIARIA APOSTÓLICA

O DOM DA INDULGÊNCIA

O  dom  da  indulgência  manifesta  a plenitude  da  misericórdia  de  Deus, que  é  expressa em  primeiro  lugar no sacramento  da  Penitência  e  da  Reconciliação. Esta antiga prática, acerca da qual não  faltaram  incompreensões  históricas,  deve  ser  bem  compreendida  e acolhida.

A reconciliação com Deus, embora seja dom da Sua misericórdia, implica um processo em que o homem está envolvido no seu empenho pessoal, e a Igreja, na sua missão sacramental. O caminho de reconciliação tem o seu centro no sacramento da Penitência, mas também depois do perdão do pecado, obtido mediante esse sacramento, o ser humano permanece marcado por aqueles “resíduos” que não o tornam totalmente aberto à graça, e precisa de purificação e daquela renovação total do homem em virtude da graça de Cristo, para cuja obtenção o dom da indulgência lhe é de grande ajuda.

Entende-se por indulgência a “remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições pela acção da Igreja que, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica, por sua autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos” (Enchiridion indulgentiarum, Normae de indulgentiis, Libreria Editrice Vaticana 1999, pág. 21; Catecismo da Igreja Católica, n. 1471).

A seguinte nota da Penitenciaria Apostólica recorda as disposições necessárias para obter com fruto a indulgência jubilar.

As celebrações do Ano jubilar não são só ocasião singular para aproveitar o grande dom que o Senhor nos faz das Indulgências mediante a Igreja, mas também são felizes oportunidades para evocar à consideração dos fiéis a catequese sobre as Indulgências. Por isso a Penitenciaria Apostólica publica, em benefício de quantos realizam as visitas jubilares, este aviso sagrado:

Apelos de índole geral sobre as Indulgências

  1. A Indulgência é assim definida no Código de Direito Canónico (cf. cân. 992) e no Catecismo da Igreja Católica(n. 1471):  “A indulgência é a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições pela acção da Igreja que, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica, por sua autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos”.
  2. Em geral, a obtenção das Indulgências exige determinadas condições (ver abaixo nn. 3 e 4) e o cumprimento de certas obras (ver nn. 8 e10, onde se indicam as que são próprias do Ano Santo).
  3. Para obter as Indulgências, tanto plenárias como parciais, é preciso que, pelo menos antes de cumprir as últimas disposições da obra indulgenciada, o fiel esteja em estado de graça.
  4. Indulgência plenáriasó pode ser obtida uma vez por dia. Mas para a conseguir, além do estado de graça, é necessário que o fiel tenha a disposição interior do completo afastamento do pecado, mesmo só venial; se confesse sacramentalmente dos seus pecados; receba a Santíssima Eucaristia (certamente é melhor recebê-la participando na Santa Missa:  mas para a Indulgência só é necessária a sagrada Comunhão); ore segundo as intenções do Sumo Pontífice.
  5. É conveniente, mas não é necessário que a Confissão sacramental, e em especial a sagrada Comunhão e a oração pelas intenções do Papa sejam feitas no mesmo dia em que se cumpre a obra indulgenciada, mas é suficiente que estes ritos sagrados e orações se cumpram dentro de alguns dias (cerca de 20), antes ou depois do acto indulgenciado. A oração segundo a intenção do Papa é deixada à escolha do fiel, mas sugere-se um “Pai Nosso” e uma “Ave Maria”. Para diversas Indulgências plenárias, é suficiente uma Confissão sacramental, mas requerem-se uma distinta sagrada  Comunhão  e  uma distinta  prece,  segundo  a  intenção  do Santo  Padre,  para  cada Indulgência plenária.
  6. Os confessores podem comutar, em favor daqueles que estão legitimamente impedidos, quer a obra prescrita quer as condições requeridas (excepto, obviamente, a separação do pecado, mesmo venial).
  7. As Indulgências são sempre aplicáveis a si próprio ou às almas dos defuntosmas não a outras pessoas vivas sobre a terra.

Aspectos próprios do Ano jubilar

Tendo em vista as necessárias condições, de que se fala nos números 3 e 4, os  fiéis  podem  obter  a  indulgência jubilar  cumprindo  uma  das  seguintes obras expressas  a  seguir  em  três categorias.

  1. Obra de piedade ou religião fazer uma piedosa peregrinação a um Santuário ou Lugar jubilar (em Roma:  uma das 4 Basílicas patriarcais – São Pedro, São João de Latrão, Santa Maria Maior, São Paulo fora dos Muros – ou a Basílica da Santa Cruz de Jerusalém, a Basílica de São Lourenço “al Verano”, o Santuário de Nossa Senhora do Divino Amor ou uma das Catacumbas cristãs), participando ali na Santa Missa, noutra celebração litúrgica (Laudes ou Vésperas) ou num exercício de piedade (Via-Sacra, Rosário, recitação do hino Akathistos,etc.); ou fazer uma visita piedosa, em grupo ou singularmente, a um dos próprios lugares jubilares, fazendo ali a adoração eucarística e piedosas meditações, concluindo-as com o “Pai Nosso”, o “Credo” e uma invocação à Virgem Maria.
  2. Obra de misericórdia ou caridade: visitar, durante um tempo adequado, irmãos em necessidade ou em dificuldade (doentes, prisioneiros, anciãos sozinhos, deficientes, etc.), como que realizando uma peregrinação a Cristo presente neles; ou sustentar com um significativo contributo obras de carácter religioso ou social (a favor da infância abandonada, da juventude em dificuldade, dos anciãos necessitados, dos estrangeiros nos vários países, em busca de melhores condições de vida); ou então dedicar uma certa parte do próprio tempo livre a actividades úteis para a comunidade ou outras formas semelhantes de sacrifício pessoal.
  3. Obra de penitênciapelo menos por um dia: abster-se de consumos supérfluos (fumo, bebidas alcoólicas, etc.) ou jejuar; ou fazer abstinência de carne (ou de outro alimento, segundo as especificações dos Episcopados),oferecendo uma proporcionada quantia aos pobres.

Dado em Roma, na sede da Penitenciaria Apostólica, 29 de Janeiro de 2000.

WILLIAM WAKEFIELD Card. BAUM
Penitenciário-Mor

LUIGI DE MAGISTRIS
Regente

  • ANEXO 3

          Nº 22 da Bula de Convocação do Jubileu da Misericórdia

22. O Jubileu inclui também o referimento à indulgência. Esta, no Ano Santo da Misericórdia, adquire uma relevância particular. O perdão de Deus para os nossos pecados não conhece limites. Na morte e ressurreição de Jesus Cristo, Deus torna evidente este seu amor que chega ao ponto de destruir o pecado dos homens. É possível deixar-se reconciliar com Deus através do mistério pascal e da mediação da Igreja. Por isso, Deus está sempre disponível para o perdão, não Se cansando de o oferecer de maneira sempre nova e inesperada. No entanto todos nós fazemos experiência do pecado. Sabemos que somos chamados à perfeição (cf. Mt 5, 48), mas sentimos fortemente o peso do pecado. Ao mesmo tempo que notamos o poder da graça que nos transforma, experimentamos também a força do pecado que nos condiciona. Apesar do perdão, carregamos na nossa vida as contradições que são consequência dos nossos pecados. No sacramento da Reconciliação, Deus perdoa os pecados, que são verdadeiramente apagados; mas o cunho negativo que os pecados deixaram nos nossos comportamentos e pensamentos permanece. A misericórdia de Deus, porém, é mais forte também do que isso. Ela torna-se indulgência do Pai que, através da Esposa de Cristo, alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado, habilitando-o a agir com caridade, a crescer no amor em vez de recair no pecado.

A Igreja vive a comunhão dos Santos. Na Eucaristia, esta comunhão, que é dom de Deus, realiza-se como união espiritual que nos une, a nós crentes, com os Santos e Beatos cujo número é incalculável (Ap 7, 4). A sua santidade vem em ajuda da nossa fragilidade, e assim a Mãe-Igreja, com a sua oração e a sua vida, é capaz de acudir à fraqueza de uns com a santidade de outros. Portanto viver a indulgência no Ano Santo significa aproximar-se da misericórdia do Pai, com a certeza de que o seu perdão cobre toda a vida do crente. A indulgência é experimentar a santidade da Igreja que participa em todos os benefícios da redenção de Cristo, para que o perdão se estenda até às últimas consequências aonde chega o amor de Deus. Vivamos intensamente o Jubileu, pedindo ao Pai o perdão dos pecados e a indulgência misericordiosa em toda a sua extensão.

ENCONTRO DE RESPONSÁVEIS DO MRSM

Lagoa, 18 de Outubro de 2015

Pe. Nuno Maiato

 

PDF (MRSM) JUBILEU DA MISERICÓRDIA

PTT (MRSM) Jublieu da Misericordia PPT