Num espírito de generosidade e de comunhão os irmãos Romeiros da ilha Terceira partilham connosco o seu guião, e esquema da Via Sacra, para a romaria deste ano.
Num espírito de generosidade e de comunhão os irmãos Romeiros da ilha Terceira partilham connosco o seu guião, e esquema da Via Sacra, para a romaria deste ano.
«Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt 5, 7)
«O tempo chegou ao seu termo. O Reino de Deus está próximo: mudai de vida e acreditai na Boa Nova» (Mc 1, 5). Foi com estas palavras que Jesus iniciou o Seu ministério público. Palavras muito oportunas para a caminhada quaresmal, que agora iniciamos, como momento especial da graça do Senhor, que vem ao nosso encontro, para transformar a nossa vida, com a Sua misericórdia, a máxima expressão do amor.
«Ninguém jamais viu a Deus: o Filho Único, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer» (Jo 1, 18), precisamente como Deus-Amor, que é todo misericórdia. «Sede, pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai Celeste» (Mt 5, 48) – recomenda-nos Jesus.
O caminho da perfeição humana é, pois, o do amor, que tem a sua máxima expressão na misericórdia, que é a capacidade de se “compadecer”: “padecer-com”, isto é, ser capaz de se pôr no lugar do outro, assumindo a sua situação. Com Cristo e como Cristo, que não Se valeu da Sua condição divina, mas assumiu a nossa condição humana, sob a forma de servo, que dá a vida pelo bem de todos (cf Fil 2, 6).
O Papa Francisco recomenda continuamente uma nova “saída” missionária da Igreja, para levar o Evangelho a todas as periferias existenciais (cf Exortação Apostólica, Evangelii Gaudium=EG, 2013). O Santo Padre apresenta a imagem de uma Igreja sempre de “portas abertas”, que acolhe e vai ao encontro das pessoas:
«Escutar… é a capacidade do coração que torna possível a proximidade», sem a qual não existe um verdadeiro encontro com o outro, em atitude de «escuta respeitosa e compassiva» (EG 171).
1.Na Sua Mensagem da Quaresma deste ano, o Santo Padre insiste, precisamente, na luta contra a «globalização da indiferença». «Tempo de renovação para a Igreja, para as comunidades e para cada um dos fiéis, a Quaresma é, sobretudo, um “tempo favorável” de graça» (cf 2 Cor 6, 2). Deus nada nos pede, que antes não no-lo tenha dado: “nós amamos, porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4, 19). Ele não nos olha com indiferença…
«Coisa diversa se passa connosco. Quando estamos bem e comodamente instalados, facilmente nos esquecemos dos outros…: encontrando-me relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem. Hoje esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal que podemos falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um mal-estar que temos a obrigação, como cristãos, de enfrentar» (Papa Francisco, Mensagem para a Quaresma =MQ2015).
Que fazer para não nos deixarmos absorver por esta espiral de indiferença?
* «Em primeiro lugar, podemos rezar na comunhão da Igreja terrena e celeste. Não subestimemos a força da oração de muitos (…)! Se humildemente pedirmos a graça de Deus e aceitarmos os limites das nossas possibilidades, então confiaremos nas possibilidades infinitas que têm de reserva o amor de Deus. E poderemos resistir à tentação diabólica que nos leva a crer que podemos salvar-nos e salvar o mundo sòzinhos (…).
«A iniciativa 24 horas para o Senhor, que espero se celebre em toda a Igreja – mesmo a nível diocesano – nos dias 13 e 14 de Março, pretende dar expressão a esta necessidade de oração (Trata-se de ligar esta iniciativa ao tradicional “Laus-Perenne”).
* «Em segundo lugar, podemos levar ajuda, com gestos de caridade, tanto a quem vive próximo de nós, como a quem está longe, graças aos inúmeros organismos da Igreja. A Quaresma é um tempo propício para mostrar este interesse pelo outro, através de um sinal – mesmo pequeno, mas concreto – da nossa participação na humanidade, que temos em comum» (MQ2015).
2. Nesse sentido, destinamos o fruto da Renúncia Quaresmal deste ano às populações da Ilha do Fogo (Cabo Verde), atingidas pelas consequências de uma erupção vulcânica, que tem causado muitos estragos materiais. Nós precisamos, mas não podemos esquecer quem precisa mais do que nós.
Vamos procurar, ao longo desta Quaresma, renunciar a algo, para que o resultado obtido até Domingo de Ramos constitua uma ajuda significativa para as famílias sinistradas da Ilha do Fogo. No ano passado a Renúncia Quaresmal somou: Euros 13. 426, 13 (treze mil quatrocentos e vinte e seis Euros e treze cêntimos). Não nos deixemos vencer em generosidade! Sejamos solidários e generosos!
Nesta caminhada quaresmal, vamos também ter presente a Semana da Caritas, de 2 a 8 de Março, com o lema: «Um só coração, uma só família humana». Ao longo dessa semana, haverá o Peditório Nacional da Caritas. Como sabemos, a Caritas é o serviço oficial da Igreja, em apoio à acção social, no sentido mais abrangente de promoção social, que vai para além da simples ajuda material. É de toda a importância apoiar essa acção e desenvolver uma rede de intercâmbio e de colaboração com a Caritas Diocesana.
3.«Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt 5, 7)!
Como muito bem explicava S. João Paulo II, «se todas as bem-aventuranças do Sermão da Montanha indicam o caminho da conversão e da mudança de vida, a que se refere aos misericordiosos é particularmente eloquente a esse respeito. O ser humano alcança o amor misericordioso de Deus e a Sua misericórdia , na medida em que ele próprio» for misericordioso para com o próximo (Carta Encíclica, Dives in Misericórdia, 1980, 14).
Assim, a Quaresma será tempo favorável da misericórdia divina, na medida, em que formos misericordiosos uns para com os outros. Começando por quem mais precisa, mesmo que menos mereça. É que a verdadeira misericórdia é gratuita. Vence o mal com o bem.
Como adverte o Papa Francisco, «nem sempre conseguimos manifestar adequadamente a beleza do Evangelho, mas há um sinal que nunca deve faltar: a opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e lança fora» (AE 195). É o que nos diz claramente na Mensagem Quaresmal de 2015: «desejo que (…) as nossas comunidades se tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença».
+ António, Bispo de Angra
Angra, 11 de Fevereiro de 2015.
«Fortalecei os vossos corações» (Tg5,8)
Amados irmãos e irmãs!
Tempo de renovação para a Igreja, para as comunidades e para cada um dos fiéis, a Quaresma é sobretudo um «tempo favorável» de graça (cf. 2 Cor6,2). Deus nada nos pede, que antes não no-lo tenha dado: «Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro» (1 Jo4,19). Ele não nos olha com indiferença; pelo contrário, tem a peito cada um de nós, conhece-nos pelo nome, cuida de nós e vai à nossa procura, quando O deixamos. Interessa-Se por cada um de nós; o seu amor impede-Lhe de ficar indiferente perante aquilo que nos acontece. Coisa diversa se passa connosco! Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente dos outros (isto, Deus Pai nunca o faz!), não nos interessam os seus problemas, nem as tribulações e injustiças que sofrem; e, assim, o nosso coração cai na indiferença: encontrando-me relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem! Hoje, esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal que podemos falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um mal-estar que temos obrigação, como cristãos, de enfrentar…
DELEGAÇÃO DOS ROMEIROS DE SÃO MIGUEL EM AUDIÊNCIA GERAL COM O PAPA FRANCISCO
(Roma, 03 de Dezembro de 2014)
Uma delegação dos Romeiros de S. Miguel vai participar na Audiência Geral do Santo Padre, no próximo dia 3 de Dezembro, para entregar o Ramalhete de Orações, que os Ranchos de Romeiros fizeram pelo Papa, durante a última Quaresma.
As Romarias Quaresmais são uma peregrinação de grande penitência e de muita oração. Cada Romeiro traz as suas intenções particulares e, ao longo da Romaria, as pessoas vão pedindo orações, através do “Procurador das Almas”. Cada ano, o Bispo entrega um esquema de oração universal pelas grandes intenções da Igreja, nunca faltando uma oração especial pelas intenções do Romano Pontífice.
Como estamos lembrados, o Papa Francisco, logo na inauguração do Seu Pontificado e, antes de dar a bênção, pediu que rezassem por Ele. E, continuamente, faz este pedido. Por isso, o Bispo diocesano tem recomendado aos Romeiros que rezem, cada vez mais, pelas intenções do Santo Padre. E é o que tem acontecido.
É isso que os Romeiros vão comunicar ao Papa, em Roma, entregando pessoalmente o Ramalhete de Orações pelas Suas intenções.
Esta peregrinação a Roma, é uma expressão significativa de comunhão eclesial com o Bispo de Roma, que preside na caridade a todas as Igrejas espalhadas pelo mundo.
É de assinalar que “Romaria” lembra “Roma”. É que, quando deixou de ser possível “peregrinar” à Terra Santa, os cristãos começaram a peregrinar a Roma, Cabeça da Cristandade. Por isso, uma tal peregrinação passou a chamar-se «romaria». A ida dos nossos Romeiros a Roma é, pois, um regresso às origens.
Ora bem, sabemos que nós somos como as árvores: vivemos das raízes. É, pois, um momento de graça, este regresso às origens.
Faço votos e peço ao Senhor que esta Romaria dos nossos Romeiros a Roma seja fonte de bênçãos para todos os Ranchos de Romeiros, suas famílias e comunidades e bem assim para toda a nossa Igreja.
+ António, Bispo de Angra
Angra, 26 de Novembro de 2014.