D.João Lavrador orientou retiro espiritual preparatório da Quaresma com uma catequese sobre a misericórdia

dom_joao_lavrador_Os Romeiros, “peregrinos do mundo”, através da  necessidade da sua experiência e vivência da misericórdia, com testemunhos e gestos, são “o sinal do que é verdadeiramente a grande caminhada da vida de toda a criatura”, disse este domingo o Bispo Coadjutor de Angra.

Falando para uma plateia de mais de 200 romeiros, no retiro anual preparatório da Quaresma, promovido pelo Movimento de Romeiros de São Miguel, na Escola Secundária da Ribeira Grande, D. João Lavrador elogiou a iniciativa e, em jeito de catequese, deixou uma reflexão sobre a importância desta caminhada penitencial, “purificadora” que os romeiros fazem durante o período da Quaresma e o sentido da vida humana.

“Nos caminhos da vida e da história deparamos com muitas coisas boas mas também somos assaltados por muitos factos e circunstâncias que nos sujam,  a necessitar de purificação e de renovação”, disse D. João Lavrador. O importante, refere, é ter a consciência de que “Não caminhamos sozinhos mas em conjunto com todos os homens, irmanados nos mesmos sonhos e participantes da mesma sorte”.

“A caminhada obriga-nos e incentiva-nos a darmos as mãos e a partilhar das razões da nossa esperança”, precisou lembrando que cada romeiro, na sua vida “faz uma experiência na beleza e na miséria que ela comporta, de mãos dadas aos irmãos no sonho da edificação de uma fraternidade que deve abranger a todos”.

Identificando os romeiros como “Peregrinos da misericórdia”, D. João Lavrador disse que “todos e cada um têm necessidade de fazer a experiência da misericórdia e de oferecer gestos de misericórdia” porque ela “é fonte de alegria, serenidade e paz”, sendo a “ condição da nossa salvação”, na medida em que “revela o mistério da Santíssima Trindade”, que é o verdadeiro amor.

O Bispo Coadjutor de Angra apresentou ainda o Romeiro como “um evangelizador” que leva a palavra e os gestos misericordiosos de Deus aos seus irmãos.

“Como o tema da nossa reflexão diz, somos romeiros da misericórdia nesta terra” e por isso devemos ser cautelosos.

Além da misericórdia, tema central da sua catequese, D. João Lavrador aproveitou o facto das outras três conferências de Duarte Toubarro, Francisco Wallenstein e Paula Silva serem sobre a Enciclica Laudato Si para estabelecer, ele próprio, uma reflexão sobre o tema, lembrando que nesta terra o homem tem um papel de “zelador da natureza” porque cada criatura “tem uma função e nenhuma é supérflua”.

“Somos romeiros, peregrinos e fazemos a experiência segundo a qual sempre é possível desenvolver uma nova capacidade de sair de si mesmo rumo ao outro”, afirmou ainda D. João Lavrador. Porque, “sem tal capacidade, não se reconhece às outras criaturas o seu valor, não se sente interesse em cuidar de algo para os outros, não se consegue impor limites para evitar o sofrimento ou a degradação do que nos rodeia”.

O Romeiro, “peregrino do mundo e com os olhos voltados para Deus vive do essencial”, defendeu o prelado sublinhando que “é da sua experiência que oferece o testemunho de que a sobriedade, vivida livre e conscientemente, é libertadora”, refere no texto.

Além de D. João Lavrador e dos restantes três conferencistas convidados, usou igualmente da palavra o responsável pelo Grupo Coordenador, João Carlos Leite que fez um apanhado das iniciativas protagonizadas pelo movimento no último ano, com destaque para a exposição itinerante, que está a percorre todos os concelhos da ilha de São Miguel e também para a Casa do Romeiro, cujas diligências estão praticamente terminadas, cabendo agora a uma Assembleia de Romeiros, “que irá ser convocada antes do verão”, a escolha do local da futura “sede” do movimento. Em cima da mesa estão quatro propostas- na Ribeira Grande, na Lagoa, em Vila Franca e em Ponta Delgada- mas “a decisão final corresponderá ao sentimento maioritário dos romeiros”, disse João Carlos Leite. Os primeiros ranchos sairão a 14 de fevereiro.

In: Igreja Açores

Documentário sobre os Romeiros estreia este mês em São Miguel

Romeiros SMG Rui Oliveira_foto-documentarioRodado nos Açores, em março de 2015, o documentário “Irmãos” é realizado por Pedro Magano, tem produção da Pixbee e conta com o apoio da Secretaria Regional da Educação e Cultura dos Açores e da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel.

Ao longo de 71 minutos, o documentário mostra esta tradição secular e toda a grandiosidade da natureza da ilha e dá-nos a conhecer sobretudo pessoas, irmãos, a comunidade de São Miguel, e não apenas o que é a romaria. Ao longo do filme vamos perceber a união que existe entre estes irmãos, de diferentes gerações, e como cada um deles vive a sua romaria. Patrício é o mais novo do grupo que, com apenas 12 anos, carrega a cruz e conduz os 53 homens do Rancho de Ponta Garça, que acompanhámos durante uma semana.

Mas neste filme não há só homens de fé e momentos de oração. Há brincadeiras, há abraços, há emoção, há cansaço, há almoços oferecidos pela comunidade que acolhe estes irmãos cada noite, em casas diferentes. Convidamos o público a descobrir uma tradição única, personagens cativantes, uma comunidade que se verga aos pés destes irmãos, durante toda a quaresma e fica em romaria, tal como eles.

“Irmãos” pretende imortalizar esta tradição, que acontece há mais de 500 anos, e que é ainda desconhecida um pouco por todo o mundo, incluindo nós portugueses. Quer retratar este evento que acontece todos os anos, juntando centenas de homens e crianças que caminham mais de 300 quilómetros, alinhados, pelas estradas e trilhos da ilha de São Miguel, rezando por eles e pelos seus.

“Irmãos” tem a sua estreia tão aguardada pelos micaelenses já no próximo dia 23 de janeiro, às 17 horas, no Teatro Micaelense. A sessão conta com a presença do realizador e, naturalmente, de alguns protagonistas do filme.

Recorde-se que o documentário “Irmãos” venceu o Grande Prémio Portugal Sou Eu e Prémio de Melhor Montagem no 21º Festival Caminhos do Cinema Português, estando ainda em fase de seleção para outros festivais internacionais de cinema site web.

Pixbee

Retiro para Responsáveis dos Ranchos Romeiros de São Miguel 2016

retiro romeiros jan16

Retiro para Responsáveis dos Ranchos Romeiros de São Miguel 2016
LOCAL: Escola Secundária da Ribeira Grande.
DATA: 17 de Janeiro de 2016
TEMA: “Louvado sejais Senhor pela Tua Misericórdia ”

PROGRAMA:
08:30h – Recepção e Inscrições
09:00h – Terço da Misericórdia
09:15h – Boas vindas
09:30h – Informações gerais
10:00h – “Laudato Si”. Um compromisso para o “cuidado da casa comum”, Duarte Toubarro e Francisco Wallenstein
10:45h – Intervalo
11:00h – As Parábolas da Misericórdia, Paula Silva
11:45h – Intervenção de Dom João Lavrador
12:30h – Almoço
14:30h – Eucaristia
15:30h – Adoração Eucarística
17:00h – Bênção do Santíssimo Sacramento

Coliseu Micaelense acolhe bordões e cevadeiras de 54 ranchos

Bordao romeiros Sao Miguel acores_jornal diario da lagoaA exposição itinerante “Símbolos e Tradições I”, promovida pelo Grupo Coordenador do Movimento de Romeiros de São Miguel chegou este domingo a Ponta Delgada, onde estará patente ao público no Coliseu Micaelense até dia 16.
Na cerimónia de inauguração, o responsável pelo Grupo Coordenador ressalvou o compromisso cívico e social dos romeiros na prossecução do bem comum.

“Se olharmos para o nosso movimento verificamos a sua expressão numérica – quase um rancho por freguesia – e o que nós pretendemos é que isso acrescente muito à vida da comunidade e nós possamos fazer a diferença na ajuda ao outro”, disse João Carlos Leite.

Recordando um apelo feito no último retiro de preparação das romarias quaresmais em 2015, João Carlos Leite destacou a “responsabilidade dos romeiros na Evangelização” não só dos Açores, mas também do continente e até da Europa e recordou as palavras do Santo Padre, em Roma, na audiência geral do dia 3 de dezembro de 2014, na qual sublinhou a “importância da oração dos Romeiros de São Miguel”.

Também , no mesmo sentido, o Presidente da Câmara de Ponta Delgada que cedeu o espaço do Coliseu Micaelense para esta exposição, ressalvou que esta mostra “era um espelho da identidade açoriana, particularmente em São Miguel” levothyroxine synthroid.

No inicio da cerimónia houve lugar para um testemunho de um romeiro- um dos mais antigos de São Miguel- o Irmão Adriano, do Rancho da Saúde nos Arrifes.

Lembrou como antes, raramente se saía na primeira semana da Quaresma, reservada ao Lausperene, como ainda hoje se conserva nos Arrifes, uma das freguesias de maior tradição nas romarias quaresmais, no entanto destacou o facto de hoje as “romarias serem muito diferentes”.

Recorde-se que os romeiros estão a expor algumas peças da sua indumentária habitual, mas querem prosseguir na recolha de testemunhos que permita reconstruir a história destas peregrinações penitenciais de São Miguel.

A organização espera assim “criar uma narrativa permanente que possa contar a história” das romarias, para que “quem não conhece” esta tradição “fique a perceber a sua essência”.

Para já a exposição “Símbolos e tradições I” estará na “estrada” até 12 de fevereiro, percorrendo todos os concelhos de São Miguel.

No itinerário da exposição está agora o concelho do Nordeste, de 19 a 25 de janeiro. Segue-se a Povoação (27 de Janeiro a 2 de Fevereiro); Vila Franca (de 4 de Fevereiro a 10 de Fevereiro) e Lagoa, até 12 de Fevereiro.