As romarias estão “a correr muito bem”

O mau tempo que se tem feito sentir, e que obrigou à desistência de mais romeiros do que é habito nas romarias da Quaresma, não impediu um balanço “extremamente positivo” por parte da organização.

Em declaração ao Igreja Açores, o presidente da Associação Movimento de Romeiros de São Miguel, João Carlos Leite, diz que as adversidades provocadas pelo mau tempo que tem fustigado muito os ranchos, até tem servido para fortalecer a sua capacidade de resistência.

“Muitos dos romeiros que já chegaram, sobretudo os da segunda e terceira semanas, dizem que após a superação das dificuldades, que foram imensas, não é qualquer coisa que nos deita abaixo” adianta João Leite que interpreta estes desabafos dos Romeiros como um sinal da fé inabalável que os move nesta caminhada penitencial.

“Temos tido mais desistências do que é habitual mas a Romaria tem corrido muito bem” esclarece o dirigente sublinhando que há sempre desistências, muitas delas por causa de problemas de saúde que são encaminhados para os centros de saúde onde os romeiros pernoitam ou passam.

“Sempre que há um problema encaminhamo-los para os centros de saúde e quando os médicos aconselham à desistência não há nada a fazer: a saúde está primeiro” refere.

A duas semanas do fim da Romaria de 2018 as atenções agora viram-se para os automobilistas. A proximidade do Azores Airlines Rallye faz com que os responsáveis tenham uma atenção redobrada à campanha de sensibilização que corre, sobretudo nas rádios locais, de forma a que haja prudência, principalmente dos automobilistas que assistem aos diferentes troços do Rallye.

O Azores Airlines Rallye vai para a estrada a partir de sexta feira, dia 23, mas as movimentações já se começam a intensificar com testes e provas de resistência nas estradas de São Miguel.

Na próxima semana andarão na estrada mais de uma dúzia de grupos e no sábado, dia principal do Rallye, serão o dobro com a saída e a entrada dos ranchos.

As Romarias começaram no dia 17 de fevereiro e terminam na quinta feira santa.

Esta tradição mobiliza, em 2018, 55 ranchos, que integram cada vez mais romeiros provenientes de outras paragens, nomeadamente da diáspora e de Portugal continental

Os romeiros levam este ano um “caderno de encargos” proposto pelo bispo diocesano, D. João Lavrador.

Ao todo, são 10 as intenções que os romeiros devem ter em atenção nas suas orações: “a santificação dos sacerdotes da diocese, as vocações sacerdotais, consagradas, religiosas e missionárias, as famílias, os jovens; os leigos, os pobres e excluídos, os desempregados, doentes e idosos, o Santo Padre e as crianças e catequistas diocesanos”.

Já o Grupo Coordenador das romagens pede aos romeiros que sejam “ecológicos, respeitando a natureza, como obra prima da Criação Divina, deixando nos trilhos e caminhos, como única pegada”, a oração de cada um.

As tradicionais romarias de São Miguel assumem “uma dimensão comunitária” e “tocam” centenas de pessoas que se unem em várias freguesias da maior ilha açoriana para disponibilizar meios para a pernoita e a alimentação dos romeiros.

Estes romeiros percorrem quilómetros e quilómetros a pé durante uma semana, trajando um xaile, lenço, saco para alimentos, bordão e terço, entoando cânticos e rezando.

Os ranchos são organizados e devem cumprir um percurso, sempre com mar pela esquerda, passando pelo maior número possível de igrejas e ermidas de S. Miguel.

Também na Terceira, o Rancho da Conceição, em Angra do Heroísmo, já fez a sua entre os dias 7 e 11 de março.

Estas romarias quaresmais, segundo a tradição, tiveram origem na sequência de terramotos e erupções vulcânicas ocorridas no século XVI.

Fonte: IgrejaAçores