No próximo dia 19 irá realizar-se o tradicional Dia do Romeiro. Este ano será uma organização conjunta dos Ranchos de São José, Santa Clara, São Sebastião e São Pedro.
Conheça aqui o programa.
No próximo dia 19 irá realizar-se o tradicional Dia do Romeiro. Este ano será uma organização conjunta dos Ranchos de São José, Santa Clara, São Sebastião e São Pedro.
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As Romarias Quaresmais de São Miguel correram “muito bem” e o “Espírito Santo aplanou as estradas” percorridas por 2400 romeiros, disse ao Sítio Igreja Açores o coordenador do Movimento de Romeiros de São Miguel (MRSM), João Carlos Leite.
“O bom tempo ajudou e muitos ranchos referem-se como sendo das melhores que realizaram. O sentido cristão do amor , da partilha, da entre-ajuda, do serviço aos outros, do acolhimento, da oração e meditação foram muito vivenciados “, disse o responsável lembrando os desejos formulados pelo Papa Francisco aquando da audiência geral em que o movimento foi acolhido no Vaticano, no dia 3 de dezembro passado.
“O Espirito Santo aplanou as nossas estradas, como desejou o Papa Francisco”, sublinhou João Carlos Leite que adianta, ainda, que apesar da crise verificada o acolhimento continua a ser um dos pontos fundamentais da romaria, que este ano se realizou entre os dias 21 de fevereiro e 2 de abril.
“O Acolhimento aos ranchos nas pernoitas foi extraordinário” disse João Carlos Leite, destacando “o envolvimento cada vez mais caloroso” das pessoas que acolhem os romeiros nas pernoitas.
“Pedem-nos muito para rezarmos pelas suas intenções: pão, trabalho, saúde, pela família, felicidade dos filhos….” o que para o coordenador do MRSM “é uma responsabilidade”.
No entanto, João Carlos Leite garante que “vale a pena” sobretudo porque é a melhor maneira de experienciar “o intercâmbio e a vivência do amor cristão” que por exemplo nos salões, onde muitos ranchos têm de ficar por falta de resposta local (comunidades muito pequenas e ranchos muito grandes) “não oferecem”.
Questionado sobre os desafios futuros, agora que terminaram as romarias, e no momento em que o Santo Padre declarou o próximo ano como o Ano do Jubileu da Misericórdia, João Carlos Leite insiste que “é necessário deixarmos de ser romeiros de uma semana, celebrar os sacramentos, sobretudo a Eucaristia para que Cristo entre nas nossas vidas e as encha de graças”.
“Mesmo quando vivemos nalgum desalento”, diz o responsável é preciso “levantar a cabeça e recomeçar com a certeza que o Senhor está sempre de braços abertos para nos acolher”.
Além disso, os romeiros têm uma especial “responsabilidade de tornar o mundo menos frio e mais justo, sem medo da bondade e da ternura “.
Para o dirigente a aposta do grupo coordenador continua centrada na “formação continuada, particularmente da Palavra escutada, vivida, celebrada e testemunhada e responder com a nossa vida, amando com o Amor de Jesus”.
“Vamos procurar dinamizar as equipas da cultura, da formação e da pastoral, (a equipa da comunicação já está a trabalhar em pleno), e evoluir com a caminhada formativa para se realizar em fins de semana a nível de ouvidorias”, adianta João Carlos Leite.
O MRSM está agora focado nas comemorações do Dia do Romeiro, a 19 de Abril, em Ponta Delgada, no Salão de São José, numa organização conjunta dos Ranchos da Cidade- São Pedro, São José, São Sebastião e Santa Clara- e com a revisão do regulamento, cuja proposta final conta enviar para o Bispo de Angra no final do mês de maio. Durante o mês de Junho, e a nível de ouvidoria, o grupo coordenador do MRSM vai promover uma reunião com todos os responsáveis para avaliar o trabalho já realizado e programarem o próximo ano pastoral.
In: Igreja Açores
O Movimento Romeiros de São Miguel acaba de receber uma carta do Vaticano a agradecer em nome do Papa Francisco os presentes oferecidos pelo Movimento no final da audiência geral do dia 3 de dezembro, na Praça de São Pedro, no Vaticano.
A missiva assinada por Monsenhor Peter Wells, assessor na Secretaria de Estado do Vaticano e datada de 9 de março, dá conta de que o Papa “repassando as palavras amigas e admirando a beleza dos presentes e dos sentimentos que ditaram a sua oferta exprime a sua gratidão” e, “batendo à porta do coração de cada um dos romeiros pede-lhes que continuem a rezar por ele”.
João Carlos Leite e Ildeberto Piques Garcia, membros do grupo coordenador do Movimento Romeiros de São Miguel, participaram na audiência geral de 3 de Dezembro, na Praça de São Pedro e, em nome dos Romeiros de São Miguel ofereceram a Francisco um terço, numa caixa de cedro, e uma indumentária em miniatura dos objetos transportados pelos romeiros: a saca, o lenço e o xaile.
Além dos presentes já mencionados os dois dirigentes ofereceram também um opúsculo com a história e o carisma do movimento que o Papa sublinha na missiva, lembrando que “recorda as pessoas mencionadas ao longo do texto e a todas envia um abraço afetuoso em Jesus e com Jesus”.
“Será ele, como fez com os dois discípulos extraviados e desiludidos de Emaús a aquecer-lhes o coração e a dar-lhes nova e segura esperança”, diz a carta.
A missiva termina com a habitual bênção apostólica e com um voto de que “Nossa Senhora seja a estrela que ilumina o compromisso e o caminho para levarem Jesus como Ela o fez, a cada pessoa que encontrem no dia a dia”.
O Movimento Romeiros de São Miguel tem estado particularmente próximo do Papa Francisco. Há dois anos que os romeiros rezam particularmente pelo Santo Padre durante a sua romaria Quaresmal, orações que já agradeceu em discurso direto na Praça de São Pedro, pedindo ao Espírito Santo que “aplane os caminhos” destes homens e das suas famílias.
Em declarações ao Sítio Igreja Açores o coordenador, João Carlos leite, já manifestou a “sua alegria” pelo conteúdo da carta e, sobretudo, pelos sentimentos que ela transporta.
“Com esta carta ainda selamos de uma forma mais firme esta nossa comunhão com o Papa Francisco”.
Referindo-se brevemente à forma como correram as romarias que hoje terminam com a entrada nas suas paróquias dos três ranchos que ainda permanecem na estrada- Pico da Pedra, Rosário da Lagoa e Rabo de Peixe-, João Carlos Leite afirma de tudo “correu muito bem e estamos certos de que a oração e a comunhão com o Papa Francisco ajudaram muito nesta caminhada”.
As romarias quaresmais terminam na quinta feira santa e os três ranchos que hoje entram nas suas comunidades paroquiais chegarão a tempo da Missa da Ceia do Senhor, com o tradicional cerimonial do Lava-Pés.
Para além da participação nas cerimónias do tríduo pascal e da Missa de Páscoa, os Romeiros vão ter uma celebração especial no próximo dia 19 de abril, altura em que comemoram o dia do Romeiro, que este ano decorrerá em São José, Ponta Delgada, numa organização conjunta dos Ranchos da Cidade- São José, São Sebastião, São Pedro e Santa Clara.
IgrejaAçores
As romarias quaresmais na ilha de São Miguel caminham para o seu final. Quando a romaria termina muitas são as histórias que se contam e outras tantas que ficam por contar.
Uma que não poderia ficar por contar é a história de Mikael Thörn, um estudante de 27 anos, que veio da Suécia para participar na Romaria. O diácono Gaspar Pimentel. Aluno do Seminário Episcoapl de Angra, esteve como ele ao longo da sua semana de caminhada com o rancho de Santa Barbara da ouvidoria de Capelas, e não quis que a sua passagem por estas terras ficasse esquecida.
Gaspar Pimentel (GP):Como é que um sueco teve conhecimento das romarias em São Miguel e decidiu vir fazer uma?
Mikael Thörn (MT): Às vezes, eventos imprevisíveis acontecem na nossa vida e precisamos de tempo para nós mesmos. O verão passado foi exemplo disso para mim. Por isso peguei numa mochila e dirigi-me sozinho para a Noruega para uma caminhada organizada nas montanhas. Neste caminho, conheci Joaquim Figueiredo, um escritor Português que faz diferentes peregrinações em todo mundo e que escreve livros sobre as experiências das suas viagens e caminhadas. Falou-me das romarias em São Miguel e perguntou se eu gostaria de participar. Seis meses mais tarde, aterrei em S. Miguel.
GP: No contacto com o Joaquim teve conhecimento que a romaria não é fácil. Contudo seis meses depois veio, porquê?
MT: Compreendi desde o início que a romaria em S. Miguel não seria fácil, mas a própria vida, por vezes, também não é fácil. Para dar um sentido a isto, senti esta indicação como um sinal e esta peregrinação apareceu como uma coisa que eu tinha que fazer!
GP: Foi uma espécie de chamamento e decidiu participar. O que é que fez como preparação para a semana de caminhada?
MT: Eu ouvi do Joaquim que esta romaria não era uma peregrinação fácil como já disse, mas também não sabia bem o que esperar. Por isso comecei a correr durante os seis meses antes da Romaria, para obter a força física Learn More. Isto tudo no meio do inverno sueco com temperaturas abaixo de 0 ° C, tempestades de neve… (ri-se)
GP: Um treino digno de filme. Então seis meses depois do início do treino chega pela primeira vez a Portugal, aterrando nos Açores . Presumo que fosse a primeira vez. Quais foram as primeiras impressões da ilha?
MT: Cheguei a Ponta Delgada cheio de expectativas e a beleza da ilha de S. Miguel impressionou-me. Eu não esperava que as montanhas seriam tão majestosas erguendo-se pelo Oceano Atlântico, nem que a vegetação que cobre o interior da ilha fosse muito semelhante à de uma floresta tropical.
GP: E o rancho de Santa Barbara? O que tem a dizer acerca das crianças, jovens e não tento jovens que partilharam o mesmo caminho?
MT: Eu gostaria de dizer muito sobre eles todos mas o que eu gostaria de dizer sobre todos os romeiros do rancho Santa Bárbara é que, após os 8 dias juntos, eu tenho 40 novos membros da minha família. Eu penso muito sobre os meus novos irmãos agora quando eu estou de volta na Suécia!
GP: Não sabendo português como é que foi a experiência de rezar e até cantar numa língua completamente nova i?
MT: Foi uma experiência completamente nova tentar aprender uma nova língua em apenas alguns dias. Não foi fácil, mas escutei muito atentamente e tentei compreender cada palavra que foi falada ou cantada. Aprendi Avé Maria em Português e consegui comunicar, embora criando por vezes muitas risadas e lembranças para a vida!
GP: Agora que fez a a romaria, fez também um avaliação da semana. O que mais o marcou?
MT: Há tantos momentos da Romaria que me tocaram! Por exemplo, o encontro com o Senhor Santo Cristo dos Milagres, com todas as famílias fantásticas que me recolheram, onde dormi e comi nas suas casas. Um dos momentos que mais me tocou foi o amor de um pai para com o seu filho e o esforço do seu filho. O filho, com a minha idade, teve um problema no final da Romaria com um joelho. Por cada passo que ele dava, podia ver-se a dor que ele sentia, mas ele estava determinado a não desistir e a não reclamar. O pai estava sentado, à espera que ele descesse uma colina. E quando ele chegou, não trocaram uma palavra sequer. Ambos sabiam que só o filho sozinho é que podia fazer o caminho por si mesmo. Uma lágrima caiu e atingiu o chão debaixo dos pés do pai.
GP: Até eu estou tocado com esta história. Chegamos à oitava e ultima pergunta, oito por cada dia de romaria. Agora tem uma história para contar. É uma experiencia a repetir?
MT: A Romaria de S. Miguel é mais do que uma experiência; é um estilo de vida, de amor e fé! Ela põe as pessoas de toda a ilha mais próximas umas das outras. Não importa o que tens, se somos ricos ou pobres, se é um agricultor ou um banqueiro, ou quão grande ou pequena é a família que temos, porque na Romaria todos somos uma família e todos somos iguais. Se tiver tempo no futuro, eu gostaria de experimentar a Romaria de novo!
In: IgrejaAçores